Tuesday, May 31, 2022

Este papel sabe a sussurros e a olhares... Sabe a palavras gritadas através de ventos e mares. Sabe a gotas de letras, feitas de recordações, Sabe a sorrisos, a lágrimas e a sensações. Sabe ao toque das cores, sentimentos e polifonias que tão assíduos são ao longo dos meus dias.... Sabe ao tique-tique das teclas dos símbolos e tons E ao som da minha voz cantarolando mil sons. Sabe a desejos famintos, sem fim. Sabe ao parto de palavras hesitantes, com medo de mim. Sabe a confusos sentimentos . Sabe a ideias loucas e sofridos tormentos. Sabe ao som das minhas gargalhadas.... Ou ao azul dos meus olhos reflectindo o céu. Este papel sabe a tantos nadas... Este papel sabe a EU!

Monday, November 23, 2020

Desafio 226 - Utilizar as letras PFTRMN

 

Porfírio Fazia Tudo para a Resguardar Sem Mudar a Natureza

Protegendo-a do Frio, Tentando Recobri-la nas Mãos.

Nunca Parecia Farto. Todo este Ritual de a Servir Merecia-lhe

Numerosas Promessas:  Floresceria a Tempo, os Raios de

Sol Mitigariam a Noite Passada e a Fúria da

Trovoada Repentina Sumiria com a Manhã a Nascer.

Prevendo isso, Fervilhava de Ternura Rindo e Sorrindo à Magnólia sem Nuvens,

Procurando a Felicidade em Tudo e Redescobrindo o Segredo do Mundo onde Nascera.


Wednesday, November 18, 2020

EC Cascais 16 Nov 2020


Fecha os teus olhos.

Procura-me bem dentro de ti, Onde o pensamento se passeia de mão dada com o coração.

Procura por aí, entre imagens e memórias. E onde cada sonho tem nome, 

Hei-de lá estar, embrulhado em saudades, disfarçado de horizonte

ou escondido no céu de um olhar azul que só senti.

Vá lá, vê-me como me imaginaste. Alto, louro, meio anjo, meio gente. 

Sendo tudo isso, sendo tão diferente, 

Não passando de ser o esboço que sonhaste.

Fecha os teus olhos, que eu fico aqui, também sem os abrir. 

Pensando na mãe que não pude fazer sorrir.

E tu, deixa-te ficar assim

deixando-me acreditar que ainda te lembras de mim.

 

Desafio 225

(vocabulário associado ao mundo da estética e dos cabeleireiros)

Tentou pintar as ideias e escovar o medo. Precisava disfarçar os fantasmas sem cor que a perseguiam. Ainda não aprendera como limar da alma tanta solidão. Cada dia mais desgrenhada pelo vazio, desembaraçou-se do pensamento, escondendo-se do mundo que lho destruiu. Enrolada sobre si mesma, nem o calor do sol a secou por dentro. Quando a viram alongada no passeio, sorria. Como se se visse ao espelho. Conseguira lavar-se do sofrimento esticando as mãos para a paz.

 

Desafio 223 

(…) palavras e conceitos de matemática.

Subtraio-me à depressão, fugindo para a memória dos teus abraços. Multiplico as imagens de tantos encontros, sorrisos, trabalhos de grupo. Divido-me entre risos e saudades. E o quociente emocional dos subterfúgios para esbarrar ou descermos juntos no elevador alimenta os meus dias. Entre parenteses: pareço igual, mas esta vida só tem significado contigo. Tudo somado, sobrevivo ao confinamento, porque vou pensando em ti nos dias pares, nos dias ímpares e até ao infinito. Facetime logo? Uma incógnita…

Thursday, September 24, 2020

 

EC Cascais, 21 Set 2020

Em criança sonhava ter poder para mudar o mundo. O seu mundo. O que lhe fora oferecido e não pudera escolher. Sem o saber, sentia que, para encontrar o que lhe fazia falta, não lhe chegava procurar. Foi tentando ganhar poderes mágicos para isso. Primeiro brincando de faz-de-conta. Mais tarde, já na escola, tentando encantar quem se cruzava consigo. Uma professora viu-a,  para lá dos caracóis e levou-a a gostar das letras, dos números, dos traços num papel branco. Deu-lhe o primeiro livro. A primeira caneta. E agarradas a eles as primeiras palavras foram surgindo. Os números foram crescendo e os desenhos ganharam vida. Tudo perfeito! No esplendor dos seus sucessos chegou quase ao céu, transformando-se na estrela da companhia.

Durante um ano ou dois achou que tinha conseguido. O seu mundo já estava mudado e bem diferente. Tinha então nove ou dez anos.

Mas ao chegar ao liceu, depressa percebeu a ilusão e o resto da sua vida de estudante foi-se banalizando e perdendo o brilho. Não gostava das regras nem de tantos trabalhos forçados. Tudo lhe era cinzento, sem interesse, com adultos igualmente cinzentos a apontar caminhos onde o futuro não cintilava. Agradavam-lhe poucas matérias, questionava tudo. Só um mestre mais atento olhou para lá dos eternos caracóis e com muita paciência e dedicação conseguiu chegar ao epicentro da vida dela, iluminando-lhe o coração, a mente e a vontade. Mas foi um progresso lento. A travessia da adolescência foi pesada e levou anos a concluir que o que procurava não iria encontrar com a ajuda de um poder especial ou de um pó mágico. Só então, com  o seu mestre e amigo de longe a observar, sorrindo, descobriu a força. Dentro de si.

E a partir daí, dobrou o seu mundo e conquistou-o, mudando tudo por dentro e por fora. E mudou-se com ele.

Wednesday, May 20, 2020


À primeira vista

Saiu de casa com o grão na asa
Para passear no jardim.
Tropeçou no mundo, meteu prego a fundo,
Esbarrou nela,  no fim.
Olhou-a sem jeito, corando por dentro,
Sem saber que dizer,
Sentindo no peito um furacão sem vento
do aperto feito de tanto lhe querer.
Então enlaçou-a, com o melhor sorriso,
A medo beijou-a e se abraçaram.
E de coração na boca, e paixão no riso,
Viram-se um ao outro e pr'ali ficaram.



Este papel sabe a sussurros e a olhares... Sabe a palavras gritadas através de ventos e mares. Sabe a gotas de letras, feitas de recordações...